Fotojornalismo em pauta na FPG

Severino Silva e Guillermo Planel falaram sobre ética e respeito na profissão (Foto: Fabio Sousa/CA)
Por Lucas Lima

A Faculdade Pinheiro Guimarães (FPG) foi palco, na noite desta terça-feira (09/10), de um bate-papo com duas referências profissionais da área de Comunicação: o fotógrafo Severino Silva e o jornalista e documentarista Guillermo Planel. O encontro foi organizado pela professora Kita Pedroza e aconteceu no auditório da instituição. Além do bate papo com os profissionais, os universitários conheceram alguns trabalhos de Severino Silva e o documentário “Vivendo um outro olhar”, de Planel.

Bate-papo encheu as dependências do auditório da FPG (Foto: Fábio Sousa/CA)


O filme demonstra como a favela é retratada pela imprensa e de que jeito ela mesma se reconhece, além de mostrar como deixou de ser menosprezada para ser berço de novas políticas públicas sociais e culturais. “No processo de realização do trabalho, surgiu o entendimento de que tratar a favela como geradora de violência apenas, como normalmente é abordado o assunto, é na verdade o empobrecimento do processo da comunicação de nossa sociedade atual”, afirmou Planel.

Profissionais contaram experiências e apresentaram trabalhos (Foto: Fábio Sousa/CA)
Atuando na imprensa carioca há 25 anos, 16 deles no jornal O Dia, Severino Silva é um especialista na cobertura policial, sendo conhecido por registrar a violência nas comunidades do Rio de Janeiro. Ele diz não se sentir incomodado, pois reconhece a grande importância de sua função. “Acho que ninguém gostaria de exercer esse trabalho, mas ele existe e precisa ser feito. Temos que mostrar como as coisas acontecem para tentar mudar algo. Acho que a fotografia tem esse papel”, opinou o fotógrafo. “Quando não houver violência vai ser maravilhoso registrar só o sorriso das pessoas”, acrescentou.

Um documentário e slides de fotos foram exibidos (Foto: Fábio Sousa/CA)

Para fugir desse estereótipo e do clima duro quase diário, Silva realiza projetos pessoais, que foram exibidos para os alunos, como fotografar a pior seca dos últimos 40 anos de Pernambuco e acompanhar o centenário da romaria do Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, interior do Ceará, para o ensaio “Fé, Luz e Sombra”. “Vejo a fé como um sentimento forte e independente de religião, isso que quero mostrar”, afirmou.

Além de estudantes, outros professores da instituição marcaram presença (Foto: Fábio Sousa/CA)

“Vivendo um outro olhar”, de Planel, é construído com as várias percepções de profissionais das favelas cariocas, da imprensa e representantes de projetos sociais que trabalham a fotografia e comunicação como um direito de todos. “Esses depoimentos são importantes para apresentar as comunidades a partir de um enfoque aberto, criando um debate a partir dos principais aspectos sociais deste assunto”, concluiu o documentarista.

Evento ocorreu na noite desta terça-feira (Foto: Fábio Sousa/CA)

“Quando você entra no confronto é importante ter segurança, e ficar atento, porque você não pode se desesperar. É sempre bom ter medo, dá uma noção do perigo”, ressaltou Severino Silva. O fotógrafo, morador da favela Tavares Bastos, no Catete, se sente com o olhar mais sensível e humano nas suas coberturas, estar em situações que ele presenciou por também morar no “morro”.

A fotógrafa e professora Kita Pedrosa foi responsável pela organização do encontro (Foto: Fábio Sousa/CA)

A organizadora do encontro, Kita Pedroza, ficou satisfeita com o resultado. “Eventos como esses são importantes no cenário acadêmico por possibilitarem o encontro entre as reflexões teóricas sobre jornalismo, e no caso, sobre a linguagem da fotografia, na sala de aula e a forma como são praticados e empregados no dia a dia.”, argumentou. A professora e também fotógrafa destacou que a reunião foi um grande ganho para todos: alunos, professores, profissionais convidados e própria instituição.

Para a estudante da FPG, Renina Alves, mais encontros como esse deveriam acontecer. “É importante termos contato com profissionais desse gabarito. A trajetória deles nos prova que é possível ter uma carreira bem construída dentro do jornalismo, principalmente com simplicidade e objetividade, sem perder a sensibilidade, mesmo trazendo uma faceta tão dura da realidade”, argumentou a universitária.

Presidente do CA, Thiago Manga colaborou na mediação do bate-papo (Foto: Fábio Sousa/CA)

Para o Centro Acadêmico da FPG, o bate-papo não poderia ter sido mais positivo. "Foi um grande evento, com alunos participando ativamente, fazendo perguntas, debatendo, opinando. Só o fato de dois profissionais desse gabarito terem vindo aqui conversar conosco e passar um pouco de suas experiências, foi algo muito valioso", comemorou Thiago Manga, presidente do CA.

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